quinta-feira, 7 de maio de 2015

O relacionamento mais importante

Durante toda a vida, todo ser humano se relaciona com outros seres humanos em diferentes áreas e para diferentes propósitos. Há aqueles relacionamentos esporádicos e passageiros, como médicos e pacientes. Outros relacionamentos são sociais e cativantes, como professores e alunos. Há também aqueles afetivos e duradouros, como pais com seus filhos e filhos com seus outros irmãos.

Mas há, nos relacionamentos humanos, um que é mais do que o esporádico e passageiro; vai além do social e cativante; e não se limita a ser afetivo e duradouro. Este relacionamento é o mais forte entre todos os relacionamentos que alguém se envolverá na vida.

Refiro-me ao relacionamento entre marido e mulher.

Sei que alguns leitores destas linhas podem (e é justo) protestar. Talvez você esteja pensando naquele seu amigo que não desgruda de você e que te ama incondicionalmente. Pode ser que outro pense naqueles irmãos e irmãs que, sendo gêmeo ou não, são tão ligados e unidos que até confundem os outros. Ou pode ser (e aqui o protesto se torna mais acalorado), você esteja considerando o relacionamento entre pais e filhos, que além de ser forte, duradouro e extremamente afetivo, conta com o fato de que para cada pai, o filho é o melhor do mundo e para cada filho, os pais são únicos.

No entanto, quero insistir e argumentar neste artigo que, entre todos os relacionamentos humanos, nenhum supera o de marido e mulher. Há algumas razões porque afirmo isso, mas quero apresentar aqui pelo menos quatro dessas razões.


a. Pode ser o mais duradouro

Este é o argumento mais fraco, mas nem por isso deixa de ser válido.  Pense no tempo que cada pessoa passa com os pais e depois contraste com o tempo que passa com o cônjuge. Em média, uma pessoa fica na casa dos pais em torno de vinte, vinte e poucos anos. Mas o casamento não tem esta durabilidade. Quando duas pessoas se casam eles estão cientes e dispostos a passarem o resto da vida juntos. Por “resto”, todo mundo entende que é o tempo que ambos viverem. Se os dois permanecerem vivos por 50 anos depois de se casarem, por exemplo, o relacionamento deles terá durado pelo menos o dobro do tempo que cada um ficou na casa dos pais. Isto quer dizer que, normalmente (se a morte não vir antes), cada pessoa que se casa passa mais tempo de vida na condição de cônjuge do que na condição de filho.   

Isaque, por exemplo, se casou quando estava com 40 anos (Gn 25:20) e morreu com 180 (Gn 35:28-29). Ele viveu 140 anos depois que deixou a casa de seu pai. Não podemos afirmar que ele viveu casado todo esse tempo, porque não sabemos quando Rebeca, sua mulher, morreu (podemos saber onde ela foi sepultada, mas não quando – Gn 49:31). Mesmo assim, podemos afirmar que eles viveram juntos muitos anos. Levando em consideração que Isaque e Rebeca já estavam casados há pelo menos 20 anos quando os filhos nasceram (compare a idade de Isaque em Gn 25:20, 26) e que Esaú já estava com 40 anos quando se casou (Gn 26:34), podemos afirmar que no mínimo (jogando por baixo), eles ficaram casados 60 anos (provavelmente foi muito mais que isso).

Os anos de casados foram muito mais do que os anos na casa dos pais.


b. É o único que não pode ser deixado

Embora os outros relacionamentos sejam sérios e fortes, eles podem ser desfeitos com o tempo. Pense, por exemplo, no relacionamento extremamente forte entre pais e filhos. Mesmo que ambos se amem verdadeiramente, chegará um dia quando terão de separar-se.

A Bíblia permite, e até manda, que os filhos, ao se casarem, deixem pai e mãe (Gn 2:24). Consequentemente, não somente os filhos devem deixar pai e mãe, mas os pais também deixarão os filhos. É claro que isso não quer dizer que os filhos nunca mais verão ou que abandonarão seus pais; mas quer dizer que agora eles entrarão num outro relacionamento, diferente daquele vivido com os pais.

Entretanto, se por um lado a Bíblia diz que os filhos devem deixar os pais, e os
pais devem deixar os filhos, por outro lado isso nunca acontecerá com duas pessoas casadas. Deus não quer que um cônjuge se separe do outro (I Co 7:10-13). Enquanto os dois estiverem vivos, eles estão ligados um ao outro, e nada, a não ser a morte, poderá separá-los (Rm 7:2-3).

Se não for pela morte, não há separação.


c. Torna dois numa só carne  

 De todos os relacionamentos humanos, o casamento é o único que faz com que duas pessoas se tornem numa só carne. Deus afirmou esta verdade quando instituiu o casamento na criação, dizendo para o homem: “e serão ambos uma só carne” (Gn 2:24). O Senhor Jesus confirmou essa verdade citando essas palavras ditas por Deus, quando respondeu uma pergunta dos fariseus, dizendo que “assim não serão mais dois, mas uma só carne” (Mt 19:3-6).  Falando da importância do casamento, Paulo também citou essas mesmas palavras (Ef 5:31).

Estas citações mostram uma diferença do casamento para os outros relacionamentos. Quando nasce o filho de um casal, o relacionamento entre pais e filho será o de pais e filhos, não de uma só carne. Quando filhos de uma mesma família se relacionam, eles são dois irmãos (ou três ou mais), não uma só carne. E mesmo quando uma pessoa se envolve em imoralidade com uma meretriz, este ajuntamento é chamado de um “um corpo”, não “uma carne” (I Co 6:16).

A verdade de uma só carne não é alguma coisa que possa ser dita de qualquer relacionamento. Além disso, duas pessoas não se tornam uma só carne na consumação do casamento (pelo ato conjugal). Se tornam uma só carne mesmo antes do ato. A partir do próprio casamento, Deus reconhece as duas pessoas como sendo uma só carne.

O casamento provoca este milagre de transformar duas pessoas em uma só carne.

 d. É uma preciosa figura        
                                                                                                                       
Existem muitas figuras usadas na Bíblia para ilustrar o que é a Igreja (e as igrejas locais) e como ela se comporta. Ela é chamada de rebanho, lavoura, edifício, templo, etc. Mas nenhuma figura é tão linda, e tão impressionante quanto a que vemos em Ef 5:22-33. De todas as figuras, a da noiva é a única que apresenta a realidade de duas pessoas se relacionando.

Na figura do rebanho, vemos Cristo como Pastor. Na figura do Edifício, Cristo é o fundamento. Na figura da casa, Ele é o dono e administrador. Mas aqui, usando o casamento como ilustração, o Senhor Jesus é visto como o Noivo que dá a Sua vida por sua Noiva, com o fim de deixá-la linda e perfeita para o dia de casamento!

Nenhum outro relacionamento é usado desta forma tão sublime e preciosa. Se a figura fosse de pais e filhos, ou de irmãos, ou de amigos, jamais poderíamos ver a profundidade do amor de Cristo, como pode ser visto aqui.

Quando Deus instituiu o casamento, Ele tinha na Sua mente mais do que o relacionamento entre duas pessoas. Ele estava ilustrando o relacionamento entre o Seu Filho e a Noiva que seria criada para Ele. E o relacionamento entre Cristo e a Igreja é uma ilustração do tipo de relacionamento que Deus quer ver no casamento.

Cristo amou a Igreja da forma como os maridos devem amar as esposas.


Conclusão

Quando você pensa no seu relacionamento com Deus, você deve lembrar que este é o mais importante, por ser um relacionamento eterno. Mas entre seus relacionamentos humanos, nenhum é mais importante do que o casamento, porque ele durará a vida toda.


Entre aqueles que leem este artigo, talvez alguns nunca tenham pensado em se casar. Saiba que isto é Bíblico e natural. Mas entre aqueles que pensam em se casar, ou que já estão casados, é bom lembrar o argumento principal deste artigo – o casamento é diferente de todos os relacionamentos pelos quais você passou e, mais do que isso, é o relacionamento mais forte, duradouro e perfeito entre duas pessoas.

A pessoa com quem você se casará, ou já está casado, ficará ao seu lado pelo resto da sua vida. Os anos que você passou na casa e companhia dos seus pais foram poucos perto dos muitos anos que você ficará na companhia de seu cônjuge.

Além disso, o relacionamento que você teve com seus pais, apesar de forte e afetivo, não foi tão importante quanto o relacionamento com a pessoa que você decide casar. Pode parecer absurdo, mas seu cônjuge agora é mais importante na sua vida do que seus pais.

Que ninguém me entenda mal. Não estou tentando desestimular pessoas a se casarem. Pelo contrário. O casamento é uma instituição divina, planejado por Deus e perfeito para a felicidade de duas pessoas.

Minha intenção neste artigo foi tentar mostrar, de forma simples, que você deve valorizar o seu casamento, evitando qualquer coisa que possa manchá-lo ou diminuir seu valor.


E lembre-se, mais do que seus pais e filhos, seu cônjuge é a pessoa mais importante na sua vida!