segunda-feira, 10 de agosto de 2015

As duas espadas

Quando o Senhor Jesus estava no cenáculo com os discípulos, Ele usou a ocasião para falar e ensinar muitas coisas a eles (João 13-17 são cinco capítulos inteiros descrevendo alguns dos assuntos tratados ali). Ele sabia que naquela mesma noite seria preso e no dia seguinte crucificado. Por isso, desejou passar algumas instruções aos discípulos para que eles não ficassem desolados e desesperados. 

Os detalhes apresentados em Lc 22:35-38 mostram que, enquanto estava lá, o Senhor lhes fez lembrar da ocasião quando Ele os mandou pelas aldeias e supriu todas as suas necessidades (v. 35). Agora, quando Ele seria preso e crucificado, Ele queria preparar o coração dos discípulos para o iminente perigo que eles correriam logo após sua prisão, por isso disse: “Mas agora, aquele que tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e, o que não tem espada, venda a sua capa e compre-a”, e logo falou da Sua crucificação (vs. 36-37). Ou seja, durante os dias quando estaria ausente deles pela morte, eles estariam em perigo e precisavam ficar atentos.

O Senhor não estava ensinando, nem insinuando, a eles, que tomassem espadas literais e ficassem espertos pra combater os oponentes. Mas como já havia acontecido várias vezes, os discípulos não entenderam o que o Senhor queria dizer, e responderam: “Senhor, eis aqui duas espadas” (v. 38). Esta resposta dos discípulos, bem como a atitude deles logo depois, mostra que, tristemente, tinham entendido tudo errado. Veja algumas etapas desta má compreensão: 


a) No cenáculo.
Quando disseram que tinham duas espadas, o Senhor logo respondeu: “Basta”. Isto não quer dizer que o Senhor concordava com eles. Este “basta”, não é alguma coisa do tipo: “Estas duas espadas são bastante, suficientes”. Não! Este “basta” é alguma coisa do tipo: “Já basta deste tipo de conversa” (Norman Crawford – Comentário Ritchie, vol. 3, pág. 469); “a conversa deveria terminar” (J. Heading – Comentário Ritchie vol. 1, pág. 469); ou, “já chega de tanta má compreensão”. 

As pessoas que vieram prender o Senhor Jesus formavam uma “grande multidão com espadas e varapaus” (Mt 26:47). Eles eram muitos e bem armados, com uma quantidade grande de espadas. Será que os discípulos (que a esta altura eram onze), sendo tão poucos, sem qualquer habilidade e contando apenas com duas espadas poderiam resistir àquela grande guarnição?  Fisicamente, seria impossível! Eles deveriam ter entendido que o Senhor não lhes estava mandando se precaver com espadas literais. 


b) Na comoção.
A falta de entendimento deles também foi evidenciada no calor do momento. Logo que a multidão bem armada chegou para prender o Senhor, os discípulos, sem saber o que fazer, e levados por sua má compreensão dos ensinos que receberam, perguntaram: “Senhor, feriremos à espada” (Lc 22:49). Eles manifestaram uma coragem impressionante. Mesmo os adversários sendo muitos e estando bem armados, eles iriam defender o Senhor lutando apaixonadamente. Contavam apenas com as duas espadas que carregavam, mas não importava. Bastava uma afirmação do Senhor e eles se entregariam à luta sanguinária até a morte.

Mas o Senhor não lhes respondeu. Ele já lhes tinha dito “basta”. Deveriam ter se contentado com isso.


c) No comportamento
Outro aspecto da compreensão deficiente dos discípulos aconteceu logo depois, na forma como se comportaram. Como não tiveram nenhuma resposta do Senhor à pergunta se deveriam “ferir à espada”, Pedro (que carregava uma das duas espadas) sacou a espada e cortou a orelha de Malco, o servo do sumo sacerdote (Jo 18:10). Mas o Senhor o repreendeu por esta atitude. Não deveria ter resistência alguma. Não era intenção do Senhor que os seus servos defendessem fisicamente o Seu reino (Jo 18:36), nem que milhares de anjos defendessem Seu corpo (Mt 26:53 – doze legiões seriam o equivalente a cerca de 72.000 anjos. Este número não é o total de anjos que existem).   

Além disso, como forma de mostrar que Seu ensino e intenção não era que entrassem numa luta, o Senhor realizou Seu último milagre antes da crucificação, curando a orelha de Malco (Lc 22:51).


d) O contrário.
Agora, se eram duas espadas e só foi usada uma, onde estava a outra? Creio que a resposta é simples. A outra estava na bainha; ela não foi usada. Esta teve sua utilidade contrária à primeira.

Os discípulos tinham três opções. Primeiro, poderiam usar as duas espadas, causar um estrago maior e provocar uma batalha que poderia culminar na morte deles mesmos e no não cumprimento das Escrituras quanto ao Senhor. Segundo, poderiam usar apenas uma espada, como Pedro fez, e provocar os resultados que provocaram – alguém ferido e outro repreendido. Terceiro, poderiam ter deixado as duas espadas na bainha e não usar nenhuma, provocando obediência à ordem do Senhor e permitindo que as Escrituras se cumprissem naturalmente.

Estas também são opções que temos quando estamos com alguma “espada” na mão. As muitas discussões acaloradas entre nós, inflamadas por nossos temperamentos, e por vezes motivadas por alguma coisa fútil, sempre deixa alguém ferido e relacionamentos distanciados. Nas palavras de Norman Crawford, do Canadá, “ao procurarmos defender a verdade não devemos decepar orelhas. A verdade triste, porém, é que decepamos orelhas; alguns cujas orelhas decepamos (como Malco que foi completamente curado) não ficam permanentemente feridos, mas nunca se esquecem do golpe que os atingiu” (Comentário Ritchie, vol. 3, pág. 476).


e) Conclusão.
O que podemos aprender de todo esse evento envolvendo as duas espadas? Creio que, entre outras coisas, devemos aprender que:


1 – Devemos ter discernimento das coisas espirituais. A falta de compreensão do que realmente Deus quer de nós é um erro sério e extremamente perigoso. O surgimento das denominações (I Co 1:11-13), os erros relacionados ao não uso do véu e à ceia (I Co 11), interpretações estranhas sobre os eventos futuros (II Ts 2:1-3) são alguns dos muitos assuntos que foram mal interpretados durante muitos séculos e que continuam perturbando as igrejas. Uma forma segura de não incorrermos em erro de interpretação da Palavra do Senhor é usando mais (muito mais) tempo em cima da Bíblia, lendo com atenção e sincero interesse, orando e desejando a orientação do Espírito de Deus para compreendê-la.


2 – Devemos defender a verdade com amor. Por natureza, todos nós somos desequilibrados. Há situações quando somos duros e insensíveis demais para manifestar alguma gota de misericórdia. Há outras situações quando somos emotivos demais para segurar firme uma questão de justiça. Quando estamos certos em alguma questão, nos tornamos ferozes contra tudo e todos. Quando envolve nossos sentimentos, desculpamos o pecado.

A Bíblia nos diz para comprar a verdade e não vendê-la (Pv 23:23), e também diz para amar uns aos outros (I Jo 4:7-12). A junção destas duas coisas seria: “seguindo a verdade em amor” (Ef 4:15). “Seguir” a verdade sugere o desejo sincero por adquiri-la. “Em amor” sugere a forma como a verdade será vivida e ensinada. A forma como alguma verdade é ensinada, influencia muito na recepção ou rejeição do ensino. O resultado sempre é diferente quando “instruindo com mansidão os que resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade” (II Tm 2:25).   


3 – Devemos desenvolver o aprendizado em nossa vida. É curioso e instrutivo perceber que, depois do evento no Getsêmani, os discípulos não usaram mais espada alguma para defender a causa do Senhor. Muito pelo contrário. Em ocasiões posteriores, eles foram perseguidos, maltratados e mortos, mas se alegravam por padecer afronta pelo nome do Senhor Jesus (At 5: 41). A espada que eles usavam agora era a Palavra de Deus (Ef 6:17; Hb 4:12) e venciam seus oponentes pela oração (Ef 6:18).  


Convém lembrar que há uma perigosa semelhante entre ter zelo de Deus sem entendimento (Rm 10:2) e desembainhar uma espada sem habilidade. Ambos sempre deixam cicatrizes dolorosas!

terça-feira, 7 de julho de 2015

Perseverando em oração

Muita gente já disse ou já ouviu alguém dizer a seguinte frase: “Agora só nos resta orar”. Esta frase é dita normalmente em momentos quando todos os recursos se esgotaram e a pessoa se vê numa situação desesperadora, quando não há mais qualquer esperança humana para lidar com a situação.

No entanto, há um sério problema envolvendo essa frase. Ela sugere que a oração foi relegada a último recurso. Ou seja, depois de todas as tentativas terem falhado, a oração se mostra como um apelo fraco e sem esperança, quando, na verdade, deveria ter sido o primeiro e mais esperançoso apelo.

Quando nos voltamos para o que a Bíblia diz, percebemos o lugar exato e o real valor que a oração tem. Ela não ocupa o lugar desprezado do último recurso; ela ocupa o lugar destacado da primeira opção. Ela não é “objeto esquecido”; ela é objeto de desejo. Na Bíblia, a oração não é buscada apenas na hora das refeições; é perseguida “em todo tempo” (Ef 6:18; I Ts 5:17).

Em várias ocasiões quando a Bíblia fala de orar, usa a palavra “perseverar” ou a ideia que ela transmite. Por exemplo, aos colossenses foi ordenado: “Perseverai em oração” (Cl 4:2). Os romanos, que receberam incentivo quanto a alegria na esperança e paciência na tribulação, também receberam incentivo quanto a perseverar em oração (Rm 12:12). O exemplo deixado pelos primeiros cristão no livro de Atos é que eles “perseveravam... nas orações” (At 2:42). Ensinando sobre esse princípio aos discípulos, o Senhor contou a eles uma parábola, com a intenção de que entendessem sobre “o dever de orar sempre, e nunca desfalecer” (Lc 18:1).


Estes e outros exemplos mostram uma verdade simples: orar nunca deveria ser um exercício esporádico ou relegado a último plano. Muita coisa seria diferente se entendêssemos isso. Estou convencido de que se orássemos mais, sofreríamos menos. Se a reunião de oração fosse mais frequentada, os santos não cederiam tanto à tentação. Se passássemos mais tempo do dia orando, descobriríamos que temos um consultório psicológico no quarto de casa (I Sm 1:10, 18; Mt 6:6), uma sabedoria à disposição para lidar com toda dúvida (Tg 1:5) e uma paz para suportar toda tempestade (Fp 4:6-7).  


Basta orar!

quinta-feira, 7 de maio de 2015

O relacionamento mais importante

Durante toda a vida, todo ser humano se relaciona com outros seres humanos em diferentes áreas e para diferentes propósitos. Há aqueles relacionamentos esporádicos e passageiros, como médicos e pacientes. Outros relacionamentos são sociais e cativantes, como professores e alunos. Há também aqueles afetivos e duradouros, como pais com seus filhos e filhos com seus outros irmãos.

Mas há, nos relacionamentos humanos, um que é mais do que o esporádico e passageiro; vai além do social e cativante; e não se limita a ser afetivo e duradouro. Este relacionamento é o mais forte entre todos os relacionamentos que alguém se envolverá na vida.

Refiro-me ao relacionamento entre marido e mulher.

Sei que alguns leitores destas linhas podem (e é justo) protestar. Talvez você esteja pensando naquele seu amigo que não desgruda de você e que te ama incondicionalmente. Pode ser que outro pense naqueles irmãos e irmãs que, sendo gêmeo ou não, são tão ligados e unidos que até confundem os outros. Ou pode ser (e aqui o protesto se torna mais acalorado), você esteja considerando o relacionamento entre pais e filhos, que além de ser forte, duradouro e extremamente afetivo, conta com o fato de que para cada pai, o filho é o melhor do mundo e para cada filho, os pais são únicos.

No entanto, quero insistir e argumentar neste artigo que, entre todos os relacionamentos humanos, nenhum supera o de marido e mulher. Há algumas razões porque afirmo isso, mas quero apresentar aqui pelo menos quatro dessas razões.


a. Pode ser o mais duradouro

Este é o argumento mais fraco, mas nem por isso deixa de ser válido.  Pense no tempo que cada pessoa passa com os pais e depois contraste com o tempo que passa com o cônjuge. Em média, uma pessoa fica na casa dos pais em torno de vinte, vinte e poucos anos. Mas o casamento não tem esta durabilidade. Quando duas pessoas se casam eles estão cientes e dispostos a passarem o resto da vida juntos. Por “resto”, todo mundo entende que é o tempo que ambos viverem. Se os dois permanecerem vivos por 50 anos depois de se casarem, por exemplo, o relacionamento deles terá durado pelo menos o dobro do tempo que cada um ficou na casa dos pais. Isto quer dizer que, normalmente (se a morte não vir antes), cada pessoa que se casa passa mais tempo de vida na condição de cônjuge do que na condição de filho.   

Isaque, por exemplo, se casou quando estava com 40 anos (Gn 25:20) e morreu com 180 (Gn 35:28-29). Ele viveu 140 anos depois que deixou a casa de seu pai. Não podemos afirmar que ele viveu casado todo esse tempo, porque não sabemos quando Rebeca, sua mulher, morreu (podemos saber onde ela foi sepultada, mas não quando – Gn 49:31). Mesmo assim, podemos afirmar que eles viveram juntos muitos anos. Levando em consideração que Isaque e Rebeca já estavam casados há pelo menos 20 anos quando os filhos nasceram (compare a idade de Isaque em Gn 25:20, 26) e que Esaú já estava com 40 anos quando se casou (Gn 26:34), podemos afirmar que no mínimo (jogando por baixo), eles ficaram casados 60 anos (provavelmente foi muito mais que isso).

Os anos de casados foram muito mais do que os anos na casa dos pais.


b. É o único que não pode ser deixado

Embora os outros relacionamentos sejam sérios e fortes, eles podem ser desfeitos com o tempo. Pense, por exemplo, no relacionamento extremamente forte entre pais e filhos. Mesmo que ambos se amem verdadeiramente, chegará um dia quando terão de separar-se.

A Bíblia permite, e até manda, que os filhos, ao se casarem, deixem pai e mãe (Gn 2:24). Consequentemente, não somente os filhos devem deixar pai e mãe, mas os pais também deixarão os filhos. É claro que isso não quer dizer que os filhos nunca mais verão ou que abandonarão seus pais; mas quer dizer que agora eles entrarão num outro relacionamento, diferente daquele vivido com os pais.

Entretanto, se por um lado a Bíblia diz que os filhos devem deixar os pais, e os
pais devem deixar os filhos, por outro lado isso nunca acontecerá com duas pessoas casadas. Deus não quer que um cônjuge se separe do outro (I Co 7:10-13). Enquanto os dois estiverem vivos, eles estão ligados um ao outro, e nada, a não ser a morte, poderá separá-los (Rm 7:2-3).

Se não for pela morte, não há separação.


c. Torna dois numa só carne  

 De todos os relacionamentos humanos, o casamento é o único que faz com que duas pessoas se tornem numa só carne. Deus afirmou esta verdade quando instituiu o casamento na criação, dizendo para o homem: “e serão ambos uma só carne” (Gn 2:24). O Senhor Jesus confirmou essa verdade citando essas palavras ditas por Deus, quando respondeu uma pergunta dos fariseus, dizendo que “assim não serão mais dois, mas uma só carne” (Mt 19:3-6).  Falando da importância do casamento, Paulo também citou essas mesmas palavras (Ef 5:31).

Estas citações mostram uma diferença do casamento para os outros relacionamentos. Quando nasce o filho de um casal, o relacionamento entre pais e filho será o de pais e filhos, não de uma só carne. Quando filhos de uma mesma família se relacionam, eles são dois irmãos (ou três ou mais), não uma só carne. E mesmo quando uma pessoa se envolve em imoralidade com uma meretriz, este ajuntamento é chamado de um “um corpo”, não “uma carne” (I Co 6:16).

A verdade de uma só carne não é alguma coisa que possa ser dita de qualquer relacionamento. Além disso, duas pessoas não se tornam uma só carne na consumação do casamento (pelo ato conjugal). Se tornam uma só carne mesmo antes do ato. A partir do próprio casamento, Deus reconhece as duas pessoas como sendo uma só carne.

O casamento provoca este milagre de transformar duas pessoas em uma só carne.

 d. É uma preciosa figura        
                                                                                                                       
Existem muitas figuras usadas na Bíblia para ilustrar o que é a Igreja (e as igrejas locais) e como ela se comporta. Ela é chamada de rebanho, lavoura, edifício, templo, etc. Mas nenhuma figura é tão linda, e tão impressionante quanto a que vemos em Ef 5:22-33. De todas as figuras, a da noiva é a única que apresenta a realidade de duas pessoas se relacionando.

Na figura do rebanho, vemos Cristo como Pastor. Na figura do Edifício, Cristo é o fundamento. Na figura da casa, Ele é o dono e administrador. Mas aqui, usando o casamento como ilustração, o Senhor Jesus é visto como o Noivo que dá a Sua vida por sua Noiva, com o fim de deixá-la linda e perfeita para o dia de casamento!

Nenhum outro relacionamento é usado desta forma tão sublime e preciosa. Se a figura fosse de pais e filhos, ou de irmãos, ou de amigos, jamais poderíamos ver a profundidade do amor de Cristo, como pode ser visto aqui.

Quando Deus instituiu o casamento, Ele tinha na Sua mente mais do que o relacionamento entre duas pessoas. Ele estava ilustrando o relacionamento entre o Seu Filho e a Noiva que seria criada para Ele. E o relacionamento entre Cristo e a Igreja é uma ilustração do tipo de relacionamento que Deus quer ver no casamento.

Cristo amou a Igreja da forma como os maridos devem amar as esposas.


Conclusão

Quando você pensa no seu relacionamento com Deus, você deve lembrar que este é o mais importante, por ser um relacionamento eterno. Mas entre seus relacionamentos humanos, nenhum é mais importante do que o casamento, porque ele durará a vida toda.


Entre aqueles que leem este artigo, talvez alguns nunca tenham pensado em se casar. Saiba que isto é Bíblico e natural. Mas entre aqueles que pensam em se casar, ou que já estão casados, é bom lembrar o argumento principal deste artigo – o casamento é diferente de todos os relacionamentos pelos quais você passou e, mais do que isso, é o relacionamento mais forte, duradouro e perfeito entre duas pessoas.

A pessoa com quem você se casará, ou já está casado, ficará ao seu lado pelo resto da sua vida. Os anos que você passou na casa e companhia dos seus pais foram poucos perto dos muitos anos que você ficará na companhia de seu cônjuge.

Além disso, o relacionamento que você teve com seus pais, apesar de forte e afetivo, não foi tão importante quanto o relacionamento com a pessoa que você decide casar. Pode parecer absurdo, mas seu cônjuge agora é mais importante na sua vida do que seus pais.

Que ninguém me entenda mal. Não estou tentando desestimular pessoas a se casarem. Pelo contrário. O casamento é uma instituição divina, planejado por Deus e perfeito para a felicidade de duas pessoas.

Minha intenção neste artigo foi tentar mostrar, de forma simples, que você deve valorizar o seu casamento, evitando qualquer coisa que possa manchá-lo ou diminuir seu valor.


E lembre-se, mais do que seus pais e filhos, seu cônjuge é a pessoa mais importante na sua vida!

terça-feira, 14 de abril de 2015

O pecado de Sodoma (II)

Como vimos no artigo anterior, a população da cidade de Sodoma era caracterizada por orgulho, opulência e ociosidade. Estas coisas, unida a uma natureza sempre tendenciosa a rebelar-se contra Deus, podem ter gerado o mais conhecido dos pecados daquela cidade.

Neste artigo, vamos considerar mais duas coisas sobre o pecado de Sodoma: (a) a gravidade deste pecado aos olhos de Deus e (b) a generalização deste pecado na atitude dos homens.

a) Sua gravidade – aos olhos de Deus.

Os capítulos 18 e 19 de Gênesis são os principais capítulos que descrevem o pecado mais conhecido dos sodomitas. As outras vezes que a cidade de Sodoma ou os sodomitas são citados na Bíblia, praticamente são menções de coisas ditas nesses capítulos. Portanto, convém começar nesta parte.

Em Gn 18:20 há um detalhe pequeno, mas de extrema importância para a compreensão do nosso assunto. Este versículo diz: “Disse mais o Senhor: Porquanto o clamor de Sodoma e Gomorra se tem multiplicado, e porquanto o seu pecado se tem agravado muito”.

Repare que a palavra “pecado” está no singular, não no plural. Isto não quer dizer que os cidadão de Sodoma cometiam apenas um pecado. Quer dizer que havia uma qualidade (ou um tipo) de pecado que era cometido por eles que desagradou a Deus ao extremo. Isto também não quer dizer que há apenas um tipo de pecado que ofende a Pessoa de Deus. Todos os pecados O ofendem, sejam eles pequenos ou grandes do nosso ponto de vista. Mas esta singularidade do pecado de Sodoma mostra que eles chegaram a um ponto tão alto em sua imoralidade, que o clamor do seu pecado chegou até Deus. E eles chegaram a um nível tão baixo em suas práticas, que Deus decidiu descer para averiguar pessoalmente estas coisas (v. 21).

Foi por causa desta qualidade (ou tipo) de pecado que Deus destruiu as cidades de Sodoma e Gomorra. E não foi uma destruição comum. Não foram mãos humanas, como um exército inimigo por exemplo, que a destruiu. Ela foi subvertida (revirada de baixo para cima, como uma terra arada) rapidamente, “como num momento, sem que mãos lhe tocassem” (Lm 4:6). A cidade foi destruída com enxofre e fogo que vieram “do Senhor desde os céus” (Gn 19:24). Foi um juízo vindo de Deus; vindo de cima para baixo; vindo com materiais inflamáveis e de rápida destruição. Deus estava tão descontente com o pecado cometido ali, que destruiu Sodoma “na Sua ira e no seu furor” (Dt 29:23).

Enquanto a cidade, geológica e geograficamente foi completamente destruída, a população que nela habitava também foi completamente destruída. O Senhor Jesus informou sobre isso dizendo que depois que Ló saiu da cidade, “choveu do céu fogo e enxofre, e os consumiu a todos” (Lc 17:29). Não sobrou nenhum cidadão de Sodoma vivo, e a cidade se tornou um lugar inabitável. A cidade se tornou tal, que nunca mais se pôde semear, colher, nada mais cresceu e ninguém mais habitou ali (Dt 29:23; Jr 49:18).
Tudo isso reflete o quão grave, aos olhos de Deus, foi o pecado de Sodoma. O Senhor não pôde tolerar mais suas práticas. Eles precisavam ser punidos. Seriam punidos severamente. Seria uma punição tão severa que não sobraria nada do lugar nem ninguém no lugar.

Mas tudo isso também provoca uma pergunta.

Que qualidade (ou tipo) de pecado era este praticado em Sodoma?

O que eles faziam de tão grave que Deus não pôde mais tolerar e destruiu a cidade, deixando-a irrecuperável?

Veja a resposta no próximo parágrafo.


b) Sua generalização – na atitude dos homens.

Gênesis 19 fala de pelo menos três assuntos. Primeiro descreve a visita de dois anjos à casa de Ló, depois fala da destruição da cidade, e por fim narra a prática incestuosa entre Ló e suas filhas.

Na primeira parte do capítulo, que descreve a visita de dois anjos à casa de Ló, vemos um exemplo claro do tipo de pecado que provocou a justa ira de Deus e a destruição de Sodoma.

Nos vs. 4-11 os homens juntaram-se à porta de Ló e pediram que este lhes trouxesse os visitantes. Nas suas próprias palavras, a intenção deles era “para que os conheçamos” (v. 5). Este verbo conhecer, usado neste contexto, não significa que os sodomitas queriam conhecer os hóspedes de Ló no sentido social, querendo cumprimentar, dar boas vindas e ser amigos. Na verdade, eles queriam ter intimidade sexual com os hospedeiros. É isto que quer dizer a expressão “para que os conheçamos”. Há três detalhes que provam que esse é o sentido da palavra.

·       A reação de Ló. Ao ouvir que os homens de Sodoma queriam “conhecer” seus hospedeiros, Ló fechou a porta atrás de si (garantindo a integridade física dos homens lá dentro), implorou que não fizessem mal aos seus hóspedes e até ofereceu suas filhas donzelas em lugar dos visitantes. Tudo isso mostra que Ló sabia que a intenção deles não era apenas conhecer no sentido social. A intenção deles era praticar atos desumanos e desonrosos.

·       As filhas de Ló. Na sua resposta, Ló afirmou que suas filhas “ainda não conheceram homens” (v. 8). Isto indica três coisas. Em primeiro lugar, o verbo conhecer, aqui, não quer dizer que elas não conheciam socialmente ou que nunca tinham tido nenhum tipo de contato com homem algum. Elas conheciam homens, como o pai delas e os homens com quem eram noivas, por exemplo (v. 14). Em segundo lugar, indica que estas moças eram virgens. Elas não conheciam homens no sentido de ter tido relação sexual. Em terceiro lugar, o verbo traduzido “conhecer” (yâda) no v. 8 é o mesmo traduzido “conhecer” no v. 5. Uma clara evidencia de que “conhecer”, neste contexto, não é social, mas sim, intimamente, com intenção de ter relação sexual.


·       O uso em outros lugares. Em outras partes da Bíblia, o verbo conhecer tem este mesmo sentido de ter relação sexual. E não precisamos ir longe. Uma rápida consideração de suas ocorrências em Gênesis cap. 4 já é suficiente. Por exemplo: “E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim...” (4:1); “E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e deu à luz a Enoque...” (4:17); “E tornou Adão a conhecer sua a mulher; e ela deu à luz um filho...” (4:25). Todos estes casos mostram a mesma coisa. Marido e mulher se conhecendo e, consequentemente, a mulher concebe e gera um filho. Nestes casos fica claro que “conhecer” indica a intimidade sexual entre duas pessoas.

Por estes detalhes, podemos entender que a intenção dos homens de Sodoma era ter intimidade sexual com os homens que vieram à casa de Ló. E por este exemplo temos também a resposta à pergunta feita acima: Que tipo de pecado tão grave foi este a ponto de Deus destruir irremedialvelmente algumas cidades e sua população?

A resposta é clara: o pecado de intimidade sexual com pessoas do mesmo sexo!

Sei que isso pode provocar espanto e muita crítica por parte de muitos leitores, mas esta é a verdade contida na Palavra de Deus. Não é minha intenção atacar qualquer pessoa ou solapar seu caráter. Mas também não posso deixar de afirmar o que é afirmado na Bíblia.

Antes de deixar esta parte do assunto e aplicá-la à nossa realidade, repare ainda mais um detalhe.

A intimidade sexual com pessoas do mesmo sexo não era uma prática cometida por algumas pessoas apenas, nem mesmo de forma escondida. Pelo contrário, Gn 19:4 faz uma afirmação alarmante: “Os homens daquela cidade, os homens de Sodoma, desde o moço até ao velho; todo o povo de todos s bairros”. Praticamente a população masculina da cidade juntou-se ali.

Se o v. 4 está descrevendo representantes de todos os lugares da cidade ou realmente todos os homens, não muda o fato. A prática de intimidade sexual com pessoas do mesmo sexo era uma atitude comum. Os homens envolviam-se nesta prática, não por falta de pessoas do sexo oposto, pois havia muitas mulheres na cidade (Gn 14:16), com quem poderiam casar. Também não era por falta de costume de contrair matrimônio, pois as filhas de Ló estavam noivas (19:14). Na verdade, alguns homens era casados, outros solteiros. Alguns eram jovens, outros eram já velhos. Talvez alguns fossem ricos, outros bem pobres. As diferenças entre eles não importava. Todos tinham uma prática em comum – tinham prazer em envolver-se intimamente com pessoas do mesmo sexo.

Esta prática comum dos sodomitas traz consigo uma pergunta séria: Como uma prática licenciosa torna-se comum e, pior, até aceitável e incentivada?

Para responder esta pergunta, devemos lembrar de outros fatos. Uma coisa errada torna-se comum quando praticamente todo mundo faz. Se todos estão fazendo, logo quem não faz é o errado.

Me permitam citar um exemplo simples. A palavra “você”, escrita desta forma em nossos dias é correta. No entanto, muitos jovens quando conversam virtualmente usam a forma “vc”. Embora não seja uma lei, alguns jovens se sentiriam fora de sintonia se conversassem virtualmente usando “você”, ao invés de “vc”. É como se a forma correta tivesse se tornado errada, e a forma errada se tornado correta. Como chegou a esse ponto? Talvez tenha começado com uns poucos, mas logo que a maioria começou a praticar, tornou-se o padrão geral.

Talvez esta tenha sido a forma como esse pecado tornou-se popular e comum em Sodoma. Uns poucos começaram a praticá-lo, e a ideia foi passando de um a um. Não demorou muito até que praticamente toda a população estivesse praticando. E quem não praticava, como é o caso de Ló, se tornava o errado. Como vimos no artigo anterior, os sodomitas faziam propaganda deste ato, sem qualquer vergonha ou inibição (Is 3:9).

Infelizmente, a pratica de intimidade sexual com pessoas do mesmo sexo tornou-se comum, aceitável e, em alguns casos, até incentivada. Por conta disso, a sociedade toma por errada qualquer pessoa que não defenda esta prática. Mas nenhum cristão deveria concordar com isso.

Não defendo nem concordo com a atitude de agredir fisicamente ou verbalmente uma pessoa que esteja envolvida nessa prática. Nem mesmo concordo que se deva rejeitar tais pessoas. Muito pelo contrário, como faríamos a qualquer pessoa, devemos amá-los e falar do Evangelho de Cristo. Mas amar a pessoa não significa amar a prática, e defender a pessoa não significa defender a prática.

Oremos para que Deus nos dê sabedoria para lidar de forma cordial com cada pessoa que esteja envolvida nesta prática, sem comprometer nossa integridade espiritual e sem deixar de falar do perdão que Deus oferece em Cristo.


quinta-feira, 9 de abril de 2015

O pecado de Sodoma

Sodoma e Gomorra são duas cidades que ganham destaque na Bíblia, principalmente a primeira. Mas o destaque dado a elas, tanto no VT quanto no NT é negativo e vergonhoso. Poucas cidades chegaram a um nível moral tão baixo quanto essas duas. Mas uma consideração sobre os costumes de seus moradores nos ensinará muito sobre o perigo que todos nós corremos.

Em Ez 16:49 a Bíblia destaca três pecados característicos de Sodoma, que nos dão uma ideia da razão porque essa cidade se tornou exemplo negativo de imoralidade deliberada. Veja cada um deles:


a) Orgulho – “Soberba”.
Os sodomitas eras soberbos e presunçosos, além de serem “maus os homens de Sodoma, e grandes pecadores contra o Senhor” (Gn 13:13). A expressão “grandes pecadores contra o Senhor” pode ser comparada com o que é dito sobre Ninrode, que era “poderoso caçador diante do Senhor” (uma expressão que realmente quer dizer: “poderoso caçador contra o Senhor” – Gn 10:8-9).

Como Ninrode, que era orgulhoso, cheio de si e desafiava a Deus em tudo, os sodomitas orgulhavam-se de si mesmos. Não havia neles qualquer respeito pelo seu semelhante ou qualquer reverência para com o Senhor. Viviam para satisfazer a si mesmos e confiando em si mesmos.

Quando Abraão recuperou as pessoas e bens que tinham sido levados de Sodoma, ele recusou a oferta do rei de Sodoma porque sabia que o rei diria, depois: “Eu enriqueci a Abrão” (Gn 14:23). O orgulho deste povo era tanto, que seu rei seria incapaz de reconhecer que não foi capaz de recuperar as pessoas e bens que foram levados, enquanto Abraão os recuperou com apenas trezentos e dezoito empregados (Gn 14:14). Ele preferiria dizer, depois, que a riqueza de Abraão veio de suas mãos, não do Senhor (Gn 15:1).

Este é um perigo claro e real na vida de qualquer pessoa que deseja servir a Deus. Pode ser que o Evangelista pregue o Evangelho e, num espaço curto de dias, várias pessoas sejam convertidas. Pode ser que o mestre que tem o dom para ensinar transmita uma série precisa e preciosa de textos difíceis da Palavra de Deus. Pode ser que a frente da casa de uma irmã fique sempre cheia de vizinhos procurando seus muitos conselhos e cuidados. Pode ser que o rapaz se destaque pela força e corpo atlético. Pode ser que a moça fique em evidencia pela beleza e simpatia.

Tudo isso, sem dúvida, é muito bom. Mas há um sutil perigo de orgulhar-se nas próprias realizações. Para evitar isso, sempre devemos lembrar que não podemos “ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra o outro. Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?” (I Co 4:6-7).

  
b) Opulência – “fartura de pão”.
A região de Sodoma era muito fértil e próspera. Sua beleza e fertilidade são descritas como sendo “como o jardim do Senhor”. Não é de se admirar que Ló, tendo erguido seus olhos para aquela região, sentiu-se atraído por ela (Gn 13:10-12). A terra ali não era árida e difícil. Pelo contrário, era produtiva e rica para a agricultura e cultivo de rebanhos.

Como consequência dessa produtividade, não havia escassez de comida em Sodoma. A “fartura de pão” caracterizava a cidade como segura. Reis inimigos poderiam cercá-la e sitiá-la, mas ela permaneceria por muito tempo, apenas com o sustento interno.

Esta fartura e tranquilidade material é um dos alvos mais cobiçados no mundo, e também entre os filhos de Deus. Desejamos e buscamos apaixonadamente o dia quando poderemos viver como aposentado antes de se aposentar. Como seria bom poder trabalhar poucas horas no dia, num serviço que exigisse pouco física e mentalmente e, ainda assim, o serviço render tanto que nosso maior esforço seria desfrutar de muita riqueza e prosperidade!

Mas será que seria bom mesmo? Vejamos no próximo parágrafo.


c) Ociosidade – “abundancia de ociosidade”.
Talvez, por causa da prosperidade que havia na região, as pessoas em Sodoma não precisavam trabalhar tão arduamente para conseguir o seu sustento. Praticamente tudo o que se plantava, produzia. E produzia em grande quantidade. Depois, poderiam ficar longos dias sem se preocupar em plantar novamente, nem preparar a terra para novo plantio.

Os cidadãos de Sodoma eram tão orgulhos e tão fartamente supridos de alimentos, que se comportavam como se nada pudesse abalar sua tranquilidade. Como o homem de Lc 12:16-20, a única preocupação deles era onde guardariam sua fartura de pão e viver para dizer à alma: “tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e folga”.

Por ficarem tanto tempo sem ter muito o que fazer, os cidadãos de Sodoma começaram a concentrar muita energia. A energia física, emocional e mental que reuniam, não tinha muitos meios por onde ser liberadas. Não havia válvulas de escape. E como acontece naturalmente, se o corpo não tem meios legais e aceitáveis de liberar suas energias, ele logo desejará liberá-las por meios ilícitos e imorais. Rapidamente Sodoma se tornou uma cidade onde a promiscuidade sexual era praticada livremente. Isaias nos informa que os cidadãos de Sodoma publicavam os seus pecados sem qualquer tentativa de esconder ou dissimular (Is 3:9). No dia em que dois anjos vieram a casa de Ló, os homens de Sodoma queriam envolver-se em imoralidade com eles abertamente (Gn 19:4-5). Judas vai além, dizendo que os homens de Sodoma se entregaram a esta prática (Jd v. 7). Prostituição, para eles, não era mais uma coisa que deveria ser guardada de olhos curiosos; tornou-se um estilo de vida.

Talvez esses detalhes respondam a pergunta acima. Será que seria bom se todos nós tivéssemos tanta prosperidade material que não precisássemos mais trabalhar? Não, não seria bom. Isso porque começaríamos a inventar meios pelos quais nossas energias pudessem ser liberadas, e os resultados seriam os mais vergonhosos possíveis. E por falta de algo mais interessante, começaríamos a inventar fofocas uns dos outros, pra gastar o tempo livre (I Tm 5:13). O ocioso peca contra seu próprio corpo, envolvendo-se em prostituição (I Co 6:18), "faz mal a si mesmo" (Is 3:9) podendo contrair uma doença, e prejudica os outros, envolvendo sua língua em conversações que não edificam (I Co 15:33).

Não importa o tipo de serviço que um cristão está, ele deve evitar a ociosidade. Alguns trabalham em serviços pesados e braçais, que lhes exigem muito fisicamente e lhes deixam exaustos no final do dia. Outros trabalham pensando ou calculando o dia inteiro, e não veem a hora de chegar em casa e abrigar-se nos braços da família. Alguns outros esmeram-se estudando a Bíblia para ensinar aos seus irmãos, andam de casa em casa oferecendo literatura e falando de Cristo, visitam doentes, carentes, desanimados e rebeldes, e algumas noites quase não dormem, pensando nas ovelhas do Bom Pastor.  Enquanto uns esforçam-se em serviços físicos e materiais (que são legítimos e completamente aceitáveis), outros são separados para servir ao Senhor em esferas espirituais (que também são legítimas e aceitáveis).

Em todos estes casos, porém, uma verdade fica evidente: o orgulho das próprias realizações, a fartura de tudo (sem nunca ter necessidade de nada) e a ociosidade são extremamente perigosos!

Mas nós devemos, junto com a glória e virtude que Deus deu (II Pe 1:3), e “ponto nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à fé a virtude... ciência... temperança... paciência... piedade... o amor fraternal... caridade. Porque, se em vós houver e abundarem estas coisas, não vos deixarão ociosos nem estéreis no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo” (II Pe 1:5-8).

Portanto, convém ser humildes e reconhecer que todo bom resultado de trabalho vem do Senhor. Convém ser pacientes e reconhecer que todo trabalho, mesmo que árduo e difícil, é uma válvula de escape para nossa própria segurança. Convém ser diligentes em todas as coisas, reconhecendo que ociosidade é uma das armas mais poderosas da carne.