quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Irados contra Deus

Irar-se é uma das tristes demonstrações da nossa natureza. Todo ser humano, uma hora ou outra, muito ou pouco, fica irado. Por ser uma obra da carne, a ira está presente em nossa constituição humana (Gl 5:19-21). E há vários exemplos de pessoas ficando iradas na Bíblia. Algumas vezes são homens irados com outros homens (uma atitude que sempre traz tristeza e destruição), outras vezes é o Senhor quem está irado com os homens (não uma ira sem controle, como a nossa, mas uma ira justa e santa).

Mas dois casos, pelo menos, são particularmente notáveis. Dois homens ficaram irados contra Deus. Isso porque o Senhor não agiu como eles entendiam que Ele deveria ter agido. Um deles era um homem ímpio; o outro, um servo de Deus.  

a) Gn 4:6 – Caim, um profano.
A razão porque Caim ficou irado com Deus é simples e injustificável. O Senhor já tinha dado o exemplo sobre como os homens poderiam ser aceitos perante Ele (pela fé num substituto inocente -  Gn 3:21). No entanto, diferentemente de Abel, Caim esperava que Deus o aceitasse pelos termos dele, não pelos termos de Deus. Como Deus não aceitou sua proposta, Caim ficou irado.

b) Jn 4:4, 9 – Jonas, um profeta.  
As razões porque Jonas ficou irado com Deus foram duas. Primeiro, ele entendia que os moradores de Nínive mereciam ser totalmente exterminados da Terra. Como o Senhor não os matou, ele irou-se (Jn 3:10; 4:1, 4). Segundo, ele entendeu que foi crueldade da parte do Senhor matar a planta que Deus fez crescer para dar sombra (vs. 9, 10). No entanto, o Senhor ensinou para Jonas que Ele, em Sua soberania e graça, pode agir como quiser, independentemente.

Estes dois exemplos são interessantes e instrutivos. O primeiro (de Caim), ensina que Deus não é obrigado a mudar as determinações dEle porque nós achamos que não funciona. O segundo (de Jonas), ensina que Deus não é obrigado a tratar as pessoas da forma como entendemos que devem ser tratadas.

Pense em alguns exemplos.

Um irmão quer muito alguma coisa, mas entende que o que ele quer não é a vontade do Senhor. Será que é justo ficar irado contra Deus por saber que o Senhor não mudará de ideia?

Alguém comportou-se de forma indevida. Como consequência, entendemos que o Senhor deve puni-la imediata e irremediavelmente. Será que é justo ficarmos irados contra o Senhor por parecer que aquela pessoa está sem disciplina?

Há alguma coisa que você e eu gostaríamos de adquirir, e oramos intensamente por isso, mas não recebemos. Será que é justo nos irarmos contra Deus porque Ele não nos atendeu como gostaríamos?

Repare que nos dois casos citados acima (de Caim e Jonas), o Senhor mesmo faz uma pergunta a cada um:

“Por que te iraste?”
“Fazes bem que assim te ires?”

Quando Deus não age como pensamos que Ele deveria agir, como é que nos sentimos? Ficamos irados? É certo que fiquemos irados?   


terça-feira, 14 de outubro de 2014

O acusador dos irmãos

Não é fácil ser acusado, principalmente quando o acusador é Satanás.

O texto conhecido de Ap 12:10 antecipa um evento futuro. Falando sobre a derrota de Satanás e a ocasião quando o Senhor Jesus estabelecerá Seu reino aqui no mundo, a Bíblia descreve o inimigo de nossas almas como “o acusador de nossos irmãos... o qual diante de nosso Deus os acusava de dia e de noite”.

Infelizmente, um salvo mantém a capacidade de pecar mesmo depois da conversão. E um pecado na vida de um salvo é uma realidade que Satanás não pode aceitar. Para ele, se um cristão comete qualquer pecado, deve receber a severa punição da condenação eterna. Vendo a fraqueza e, lamentavelmente, algum pecado na vida de um irmão, Satanás imediatamente procura acusá-lo, com a intenção de fazer daquele cristão um condenado novamente.

No entanto, se é verdade que Satanás acusa os salvos perante Deus, também é verdade que o Senhor Jesus defende os salvos perante o Pai: “se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo” (I Jo 2:1). Com base em Seu próprio sacrifício, o Senhor Jesus pode garantir a salvação daquele que nEle crê e defendê-lo. Isto não quer dizer que um salvo tem prazer em pecar porque sabe que tem um defensor. Quer dizer que, apesar de continuar tendo a tendência ao pecado, o salvo não se desespera, como se estivesse irremediavelmente perdido.

Enquanto Satanás acusa os salvos perante Deus, o Senhor Jesus defende os salvos perante o Pai. O Pai, sendo visto como Deus, exige que todo pecado receba punição. Mas Deus, sendo visto como Pai, nunca permite que Seus filhos deixem de ser filhos e sejam condenados. O Senhor Jesus é nosso Advogado diante do Pai. Além disso, Ele é justo, e a Sua justiça é a nossa garantia.       


Não importa o quanto Satanás nos acuse. Mesmo que ele faça isso “de dia e de noite”, temos um Advogado justo!