quarta-feira, 19 de março de 2014

Eu Sou - caminho, verdade, vida

“Disse-lhe Jesus: Eu Sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por Mim” (Jo 14:6).


O versículo acima apresenta mais uma das ocasiões em que o Senhor fala de Si mesmo como “Eu Sou”. Neste contexto, Ele é o caminho, a verdade e a vida. Vários comentários importantes, e lições interessantes têm sido tiradas dessas palavras. Uma das coisas interessantes neste versículo é contrastá-lo com as três personagens de Jd v. 11.


a) “O Caminho de Caim”. Este homem perverso tentou chegar-se e ser aceito por Deus confiando em sua própria competência. Como foi justamente rejeitado, seguiu seu próprio caminho de rebelião e indiferença.


Em contraste com isso, o Senhor Jesus é o caminho. Não há outro meio pelo qual os homens possam chegar-se a Deus. Ele mesmo é o “novo e vivo caminho” (Hb 10:20). A presença de Deus está franqueada a todos, mas o meio para se chegar lá é unicamente através de Jesus Cristo.


b) “O engano do prêmio de Balaão”. Este profeta apóstata ficou tão atraído pela possibilidade de receber recompensas que se deixou enganar por sua própria cobiça. O desejo por lucro o enganou.


Em contraste com isso, o Senhor Jesus é a verdade. Ele nunca foi enganado, e nunca irá enganar ninguém. Uma das questões mais profundas para o coração do homem é saber a verdade sobre qualquer coisa. Cristo é a verdade. Isto não quer dizer que Ele tem parte da verdade, ou que Ele é sempre verdadeiro. É mais do que isso. Quer dizer que não há verdade fora dEle. Ele é a verdade!


c) “Pereceram na contradição de Coré”. Este homem cheio de privilégios espirituais, desejou alcançar uma posição ainda mais alta em sua função. Como resultado de sua rebelião, conheceu tragicamente, e muito cedo, o horror da morte.


Em contraste com isso, Jesus Cristo é a vida. Aquele que crê nEle nunca perecerá, mas “passou da morte para a vida” (Jo 14:6).



Aquele que crê no Senhor Jesus, nunca errará o destino, nunca será enganado, nunca será condenado. Quanta verdade preciosa!

Eu Sou - ressurreição e vida

A morte é, sem dúvida, o visitante menos desejado que qualquer família gostaria de receber. Ela chega quando ainda se tem muitos planos pela frente (Lc 12:16-20). Não respeita classe social – seja rico, seja pobre (Lc 16:19-22). Não respeita diferenças de sexo ou idade – pode ser jovem rapaz (Lc 7:11-14), pode ser pequena menina (Lc 8:41, 42). Além disso, a morte é forte (Ct 8:6). Os avanços da medicina conseguem apenas prolongar um pouco mais a vida, mas não conseguem evitar que a morte chegue, mais cedo ou mais tarde.


Olhando para as afirmações acima, o quadro é de desespero e dor. E é, infelizmente, a realidade do ser humano.


No entanto, o Senhor Jesus apresenta um quadro de Si mesmo que trás esperança e alegria para aquele que nEle crê. Veja suas afirmações em Jo 11:25 e 26 e repare um quadro lindo do que ocorrerá no arrebatamento, quando os salvos serão levados daqui:


a) “Eu sou a ressurreição” – para os salvos que estiverem mortos – “quem crê em Mim, ainda que esteja morto, viverá”. Por ocasião do arrebatamento, milhões de irmãos queridos terão partido, uns há centenas de anos, outros há semanas ou dias. Mas para o Senhor nem a morte, nem o tempo, nem o estado de decomposição será impedimento para que Ele os ressuscite. Ainda que estejam mortos, viverão!


b) “Eu Sou a ... vida” – para os salvos que estiverem vivos – “E todo aquele que vive, e crê em Mim, nunca morrerá”. Quando o Senhor voltar, milhões de salvos estarão espalhados pela terra, vivos e crendo nEle. Estes não precisarão ressuscitar, porque nunca morrerão. Para eles é garantida a vida. “Nunca morrerá”.   


Para o salvo, a morte pode vir de forma repentina ou esperada; pode levar o crente idoso ou a menina pequena; pode alcançar o pregador mais conhecido ou o cristão menos comentado. Mas para nós, os que cremos, a morte não consegue impedir a ressurreição, e não consegue ser mais forte que a vida.



“Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (I Co 15:55) 

Eu Sou - bom Pastor

“Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10:11).

Mesmo com muitas palavras, é difícil explicar verdades tão preciosas ditas em poucas palavras. Você pode ler o versículo acima noventa e nove vezes. Na centésima vez que o ler, terá a sensação de que não consegue explicar tudo o que o envolve.

Quando o Senhor Jesus disse essas palavras, estava falando de Si mesmo. Ele é o bom Pastor que dá a Sua vida pelas ovelhas. Repare dois detalhes importantes nesse versículo sobre o Senhor:

a) Sua singularidade“Eu Sou o bom pastor”. Ele não disse que era Pastor; Ele disse que era o bom Pastor. Nenhum outro pastor no NT é descrito com este adjetivo. Muitos se dizem pastores. Muitos são, na verdade, pastores. Mas somente ele é o bom Pastor. Muitos cuidam das ovelhas que são Dele, mas somente Ele cuida das Suas ovelhas com bondade cativante!

b) Seu sacrifício“dá a sua vida pelas ovelhas”. Não são as Suas ovelhas que se sacrificam pelo Pastor, é o bom Pastor que Se sacrifica pelas ovelhas. Se um leão se aproxima das ovelhas com uma ferocidade amedrontadora, ou um urso tenta devorá-las com uma força irresistível, o bom Pastor não os teme. Ele enfrenta o leão, derrota o urso e livra as ovelhas do perigo (I Sm 17:34, 35).

Veja estas mesmas verdades ilustradas nos salmos 22 e 23. No primeiro, o Senhor está sozinho e sacrificando-Se no pó da morte (Sl 22:1, 15). No Segundo, a ovelha não está sozinha e não teme a morte. Por quê? “Porque Tu estás comigo” (Sl 23:4).

Você e eu podemos até ser pessoas muito cuidadosas com nossos irmãos, mas somente Ele é bom Pastor.

Não importa a condição das ovelhas. Podem ser débeis e fracas, como eu; podem ser fortes e saudáveis, como você, mas por cada uma delas o bom Pastor deu a Sua vida e continua protegendo-as de qualquer predador.  


Aquele que já creu no Senhor Jesus, pode afirmar com a mais segura das exclamações: “O Senhor é o meu Pastor”!

Eu Sou - a porta

O cap. 10 de João é bem conhecido. Seja porque fala do Senhor como Pastor, dos salvos como ovelhas ou do povo de Deus como rebanho, é um capítulo cativante.


Duas vezes neste capítulo o Senhor Se apresenta como a porta. Primeiro Ele afirma ser a porta das ovelhas (v. 7), depois Ele explica esse pensamento mostrando o que quer dizer com isso (v. 9). Repare neste último versículo três coisas que Cristo, como a porta, proporciona àqueles que se tornam Suas ovelhas.


a) Salvação – “se alguém entrar por mim, salvar-se-á”. A primeira e grande necessidade de uma ovelha é de salvação. Deixada sozinha, a ovelha não consegue salvar a si mesma. Ela morre se não estiver sob os cuidados de um pastor.


A mesma verdade pode ser dita de todo ser humano. “Quem poderá pois salvar-se?” (Mt 19:25). Não há ninguém que consiga salvar a si mesmo. Por isso, todo aquele que entra pela porta (crendo em Cristo), recebe o que não pode conseguir por sua própria capacidade: a salvação da alma.


b) Segurança – “entrará e sairá”. Entrar e sair não quer dizer que a ovelha vem para o Pastor e depois o abandona. Quer dizer que ela tem liberdade e segurança. Do lado de dentro da porta, ninguém pode tocá-la. A porta a protege. Do lado de fora, ela está no mundo, mas o Pastor está ao lado, protegendo-a de qualquer predador.



c) Sustento – “achará pastagens”. Quanto alimento farto e nutritivo! Repare que a palavra “pastagens” está no plural (versões AT, ARC). Os lugares para onde a porta conduz são ricos e variados. À medida que um salvo estuda sua Bíblia, encontra alimento em todas as páginas e encontra Cristo em todos os alimentos dessas páginas.

Eu Sou - luz do mundo

“Eu Sou a luz do mundo” (Jo 8:12).


Ninguém gosta de andar no escuro. Podemos nos acostumar com pouca luz ou, em alguns casos, nos adaptamos a nenhuma luz, mas isso é muito diferente de gostar de andar no escuro.


Quando pensamos nisso de um ponto de vista espiritual e moral, porém, a coisa muda de figura. A Bíblia afirma que “os homens amaram mais as trevas do que a luz”, e “todo aquele que faz o mal odeia a luz” (Jo 3:19, 20). Pode parecer contraditório, mas há quem goste de viver no escuro.


O Senhor Jesus afirmou que era a luz deste mundo. Seria natural esperar que o mundo inteiro corresse para Ele a fim de não andar nas trevas, mas não foi isso que aconteceu. Ao invés de virem para Ele, fugiram dEle. Ao invés de amá-Lo, O odiaram. Por quê?


Já reparou que, quando uma pessoa está com uma roupa suja, quanto mais perto da luz ela chega, mais evidente fica a sujeira de suas roupas? Esta é a resposta. Quanto mais alguém se aproxima de Cristo, mais evidente seus pecados ficam. E, sejamos francos, revelar seus pecados é a coisa mais terrível para a consciência de uma pessoa. Ninguém quer que seus pecados sejam descobertos. Por isso as pessoas não querem vir a Cristo, porque sabem que é impossível se aproximar dEle sem que suas sujeiras sejam evidenciadas.



No entanto, aqueles que têm coragem de vir a Cristo, tem o privilégio de receber o perdão dos pecados. O Senhor Jesus é a Luz que evidencia a sujeira dos nossos pecados, mas também é o único que pode lavar e remover para sempre esses pecados.

terça-feira, 18 de março de 2014

Eu Sou - pão da vida

Além das ocasiões que já consideramos, outras sete vezes o Senhor Jesus fala de Si mesmo como “eu Sou” no Evangelho de João, sempre apresentando alguma necessidade que o Ser humano tem e Sua capacidade de supri-la.

Jo 6:35 é a primeira dessas ocasiões. No contexto deste versículo, aprendemos verdades importantes de Cristo como o pão da vida. Veja alguns detalhes:

Uma multidão composta de milhares de pessoas estava seguindo o Senhor Jesus (vs. 1, 10). Usando apenas cinco pães e dois peixinhos Ele os alimentou e saciou (vs. 9-12). Como resultado desse milagre, quiseram fazê-lo Rei (vs. 14, 15). Para aquelas pessoas, seria uma grande vantagem ter um rei que pudesse lhes saciar a fome sempre que a tivessem. Mas esta não era a intenção do Senhor.

Quando Ele disse: “Eu sou o pão da vida” (v. 35), estava mostrando a Sua suficiência para suprir os anseios espirituais que as pessoas tivessem. Bastava virem a Ele e crer para que fossem supridos de suas carências espirituais. Mas esta não era a intenção do povo.

Enquanto Ele lhes supriu de pão físico, eles o quiseram fazer rei. Mas quando Ele quis lhes suprir de pão espiritual (a vida eterna), eles o abandonaram (v. 66).


Cristo é o pão da vida. Ele pode, e quer, dar a vida eterna a todo o que vem a Ele e crê. Ele não está prometendo fazer com que você se torne rico; Ele está prometendo fazer com que você se torne salvo. Sua maior necessidade não é de encher seu estômago de pão. Sua maior necessidade é saciar sua alma de um Salvador.

segunda-feira, 17 de março de 2014

Eu Sou - poder

Era noite. O lugar estava escuro. Homens maus e armados vieram prendê-Lo. Liderando-os, um traidor. Seus seguidores, inexperientes na guerra e temerosos, nada podiam fazer.
“A quem buscais?”, perguntou Ele.
“A Jesus nazareno”, Lhe responderam os homens maus.
“Sou Eu” (literalmente “Eu Sou”), Ele afirmou sem hesitar.
O inesperado aconteceu. Os homens armados não lançaram mão sobre Ele. Recuaram contra a vontade. Caíram sem que alguém os tivesse derrubado. Foram derrotados “sem auxílio de mão” (Dn 2: 34).

a) Seu poder. Talvez dessa forma possa ser reproduzida na nossa mente a cena impressionante de Jo 18:3-9. Este é um dos contextos onde o Senhor Jesus usou, por duas vezes, o título divino “Eu Sou”. Não foi a experiência dos discípulos que, lutando para defender seu Mestre, fez com que os inimigos fossem derrubados – foi Sua afirmação de que era  o “Eu Sou”, o Jeová do VT. Também não foi a capacidade dos homens que os fizeram ficar de pé novamente diante dEle, foi Seu poder e propósito quem permitiu.

b) Sua Proteção. Mas este texto enfatiza não só o poder do Senhor para derrubar sem usar as mãos. Também mostra sua proteção. “Se, pois, Me buscais a Mim, deixai ir estes”. Ele estava garantindo a segurança dos discípulos.

Nosso Senhor tinha poder para não ser preso, mas Se entregou por nós. Os discípulos não tinham poder para não ser presos, mas foram protegidos por Ele.


Ele fez pelos Seus o que os Seus não podiam fazer por Ele. Você já lembrou-se hoje de agradecê-Lo por isso?

Eu Sou - suficiência

Um dos textos mais bem conhecidos do NT é Jo cap. 4. Em pouco espaço, a vida, os anseios e as necessidades da mulher samaritana são expostos e satisfeitos. Mais do que isso, porém, encontramos neste contexto mais uma das ocorrências de “Eu Sou”.

“Jesus disse-lhe: Eu o Sou, Eu que falo contigo” (v. 26). Neste versículo, o artigo “o” não consta no texto (grego). O Senhor está literalmente dizendo: “Eu Sou”, um título usado por Jeová no VT.

A vida da mulher samaritana foi exposta em três áreas aqui. Para cada uma delas, o Senhor mostrou-Se suficiente.

a) Conversão – sua falha física. A mulher foi até o poço para tirar água, mas ela precisava de uma água diferente. Não era só sua sede física que precisava ser saciada; mais urgentemente sua sede pela vida eterna precisava ser solucionada. E o Senhor podia saciar (vs. 7-14).

b) Companheirismo – sua falha emocional. A mulher tivera cinco maridos, e, naquela ocasião, estava vivendo com alguém que não era seu marido. Sua necessidade por companheirismo era evidente. Mas os seis homens que fizeram parte de sua vida até então não puderam satisfazer sua carência emocional (vs. 16-18). Só um Homem podia saciar sua carência sem precisar recorrer a atos físicos – o Senhor.

c) Conhecimento – sua falha espiritual. Durante muitos anos aquela mulher, e muitos outros em Samaria, esperaram por alguém que lhes ensinasse todas as coisas (vs. 19-25). Ela precisava de conhecimento sobre as coisas espirituais. Mas nenhum dos sábios de sua época pôde dar tamanho entendimento. Mas ali estava Um que podia.

A mulher sabia que suas necessidades físicas, emocionais e espirituais seriam todas satisfeitas quando o Messias viesse. Mas, qual não deve ter sido sua surpresa quando Ele disse “Eu Sou”. Aquele Homem era não somente o Messias prometido por Jeová – Ele mesmo era Jeová!


Não importa qual área da vida você e eu estejamos mais carentes. Há um que pode satisfazê-la. Não importa se muitos já tentaram ser ajudadores e falharam. Só há Um que pode dizer “Eu Sou”. Não é alguma coisa material, como água, o de que precisamos. Não é trocar de companheiro (e pecar cometendo adultério). Não é buscar uma religião mais atraente. Se há alguma carência, o “Eu Sou” é suficiente.

Eu Sou - eternidade

O Evangelho de João registra várias ocasiões quando o Senhor Jesus disse de Si mesmo: “Eu Sou”. Este é um título divino, que descreve a eternidade de Deus. Jo 8:58 é uma dessas ocasiões. O Senhor disse: “Antes que Abraão existisse, Eu Sou”. Considere estas palavras sob dois pontos de vista.

a) Existência. A frase “antes que Abraão existisse” mostra que houve uma ocasião na vida deste patriarca quando ele começou sua existência. Ele teve um começo. Abraão não é uma pessoa que sempre existiu.

b) Eternidade. O restante da frase apresenta um ensino profundo. O Senhor não disse “Eu era”, como seria gramaticalmente correto. Mas Ele disse “Eu Sou”, o que é espiritualmente correto. Para Ele o tempo não muda Suas características nem Lhe confere limite de existência. Em contraste com Abraão, o Senhor nunca começou a existir. Ele não tem “princípio de dias e nem fim de vida” (Hb 7:3).

A palavra “antes” mostra a ênfase na eternidade dEle. Antes de Abraão, antes de Adão, “antes de todas as coisas” (Cl 1:17).

Jeová apresentou a Si mesmo como “Eu Sou” (Ex 3:14), e o Senhor Jesus também Se apresentou assim. É uma prova da divindade dEle. Foi por entender essa reivindicação divina que os judeus pegaram em pedras para apedrejá-Lo (Jo 8:58, 59).


É exatamente o que acontece hoje. Muitos creem na impecabilidade de Cristo, mas recusam crer na Sua divindade. Mas para os que creem na divindade do Filho de Deus, é sempre um estudo interessante descobrir as igualdades entre Jesus e Jeová.

quinta-feira, 13 de março de 2014

O ministério dos anjos - sua adoração (ii)

Como vimos no artigo anterior, os anjos não devem ser adorados. Eles são seres criados e devem prestar adoração a Deus. Mas quando se pensa nisso, logo surge uma dúvida. Algumas vezes no VT pessoas prestaram adoração a anjo ou se comportaram diante dele com a mesma reverência que só se deve prestar a Deus. Será isso um princípio para que anjos sejam adorados? Note alguns detalhes que explicam essa aparente (e só aparente) contradição.

a) Diferença.
Em algumas ocasiões, quando anjos estiveram envolvidos em atividades na Terra, pelo menos um deles recebeu tratamento diferenciado e foi chamado de “o anjo do Senhor” (não simplesmente “um anjo” – veja, por exemplo, Gn 16:7, 9, 10, 11, etc).

Nos bem conhecidos capítulos de Gn 18 e 19, temos um exemplo clássico da diferença entre “o Anjo do Senhor” e os outros anjos. Primeiro, “apareceu-lhe o Senhor” (18:1). A palavra “Senhor”, neste versículo é “Jeová”. Mas quando Abraão levantou os olhos, viu, não um, mas “três homens em pé” (v. 2). Logo depois, Abraão correu, se inclinou e dirigiu-se a um deles (note o tratamento singular – v. 3), claramente distinguindo-o dos outros dois.

À medida que foram andando (v. 16), os outros dois anjos viraram-se para Sodoma (v. 22) e foram esses dois que chegaram até Ló (19:1). Enquanto os dois anjos desciam até Sodoma, Abraão permaneceu na presença (literalmente, junto) do Senhor (18:22, 33), falando com Ele.

Um dos três anjos não era simplesmente um ser criado. Ele era “o Senhor”. Foi a Ele que Abraão prestou reverência. Foi a ele que tratou de forma diferenciada. Foi na presença dele que permaneceu intercedendo.

Algumas coisas que o anjo do Senhor falou e prometeu, só podiam ser prometidas por Deus. Por exemplo, a promessa que Ele deu para Agar (Gn 16:10), as palavras que disse a Abraão sobre não negar a Ele seu filho (Gn 22:11, 12), a exigência que Ele fez a Moisés (Ex 3:2-6). Tudo isso mostra que “o anjo do Senhor” não era meramente um ser criado; Ele era o próprio Deus.

b) Discernimento.
Sendo assim, não há nenhuma discrepância no fato deste mesmo “anjo do Senhor” ter recebido adoração no VT (Js 5:13-15; Jz 6:11-24; 13:1-23, etc). Na verdade, as pessoas que fizeram isso, mostraram discernimento espiritual. Trataram outros anjos com respeito, mas adoração prestaram somente ao anjo do Senhor.

Precisamos muito deste mesmo discernimento hoje. Devemos ser respeitosos com as pessoas, mas nunca podemos dar a elas o mesmo tratamento, muito menos adoração, que prestamos a Deus.


O ministério dos anjos - sua adoração

Embora os anjos sejam seres superiores a nós (II Pe 2:11), eles não devem ser adorados. Pelo contrário; anjos devem prestar adoração. Repare alguns princípios bíblicos sobre isso (no próximo artigo, se Deus permitir, consideraremos as ocorrências de adoração a anjo no VT):

a) Religião perigosa – Cl 2:18.
A expressão “culto dos anjos”, que Paulo menciona aqui, não significa a adoração que os anjos prestam a Deus, mas sim, a adoração que os homens prestam aos anjos. Falsos mestres estavam propagando o “gnosticismo” (de “gnosis = conhecimento” – uma doutrina que dava ênfase ao conhecimento) e, ao que parece, propagando adoração a anjos. O problema desta doutrina é que não há nada na Bíblia que ensine que os anjos devem ser adorados. Pelo contrário. O que vemos é uma condenação a isso.

Enquanto o apóstolo João estava recebendo as revelações do livro de Apocalipse, por pelo menos duas ocasiões correu o risco de adorar o anjo que lhe guiava (Ap 19:10; 22:8, 9). Diante de tanta revelação impressionante, a reação natural de João foi prostrar-se, mas sabiamente o anjo recusou aquele gesto e repreendeu João por isso.

Pode parecer estranho, mas a intenção por trás do “culto aos anjos” é, na verdade, dar a Satanás a adoração que ele sempre quis receber. Satanás se transfigura em “anjo de luz” (II Co 11:14). Quando foi criado, ele era um querubim (Ez 28:14). Quando estava tentando o Senhor Jesus, sugeriu que o Senhor o adorasse (Mt 4:8-11). A adoração que o Senhor lhe recusou dar, por motivos óbvios, Satanás a recebe daqueles que prestam adoração a anjos.

Tomemos cuidado. Qualquer sugestão de dar a anjos um respeito maior do que o devido, pode ser um sutil convite a uma religião perigosa onde Satanás impera.

b) Responsabilidade posicional – Hb 1:6.
Aqui em Hebreus 1, o escritor está enfatizando a superioridade de Cristo (como já foi destacado num artigo anterior). Na seção onde está o versículo em questão, é mostrado a superioridade de Cristo em relação aos anjos. Sendo o Primogênito infinitamente maior do que os anjos, Deus mesmo ordena que “todos os anjos de Deus O adorem”.

Como vimos, anjos não podem receber adoração. A responsabilidade deles, como sua posição em relação ao Filho exige, é de adorarem incessantemente o Senhor deles – Cristo!

c) Realidade perpétua – Ap 5:11, 12.
Nesta cena emocionante, Deus descortina o futuro e desvenda aquilo que será a realidade perpétua na Sua presença. Seres representantes de todas as esferas adorando o Cordeiro. Os anjos são os primeiros mencionados, mas não são os únicos. Os “animais” (que no contexto do livro de Apocalipse representam a variedade na criação de Deus) e os “vinte e quatro anciãos” (que no contexto deste livro representam os salvos desta dispensação) estão unidos e associados aos anjos na adoração a Deus.


O cenário está preparado – “ao redor do trono”. Os componentes da grande orquestra estão a postos – “muitos anjos… os animais… os anciãos… (um total de) milhões de milhões, e milhares de milhares”. O grande homenageado está presente – o Cordeiro. É chegada a hora – arrebatamento e eventos subsequentes no Céu. Inicia-se a sinfonia: “Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças”!

O ministério dos anjos - seu auxílio

Por vezes alguém se flagra pensando no privilégio que seria se fosse um anjo. Poder estar sempre na presença de Deus, ver o Céu, estar acima das adversidades desta vida, etc. Além disso, uma breve comparação entre os anjos e os homens mostra que os anjos são, naturalmente, “maiores em força e poder” (I Pe 2:11). Como seria bom ser assim!

No entanto, Hb 1:14 ensina uma verdade impressionante: os anjos são “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação”.

Os anjos são “enviados para servir”. Portanto, são servos de Deus, a serviço de Deus. Mas entre seu ministério, eles servem “aqueles que hão de herdar a salvação”. Isso não quer dizer que podemos mandar e desmandar nos anjos. Isso é Deus quem faz. Mas significa que somos auxiliados pelos anjos nas diversas circunstâncias pelas quais passamos.

Não podemos vê-los nem ter um relacionamento tão direto e intenso quanto os servos de Deus na época dos apóstolos, mas não devemos duvidar da presença e ajuda que eles nos dão.

Se soubéssemos quantas vezes somos livres de perigos e ajudados em situações difíceis, daríamos mais graças a Deus por enviar seus anjos para nos ajudar.

Mas há, ainda, outra verdade importante neste versículo. Os anjos são servos que servem aos servos. É verdade que eles são maiores em força e poder. Também é verdade que vivem numa esfera muito acima da esfera da Terra. Mas ser um ser humano salvo é uma honra muito maior do que ser um anjo. No presente, Deus os envia para auxiliar aqueles que Ele salva. No futuro, quando estivermos com o Senhor, a Igreja (os salvos desta dispensação), estará associada com Cristo, numa posição e privilégio muito maior do que o dos anjos.


Quando pensamos em tudo isso, não podemos medir a graça que nos foi dada quando fomos salvos, mas podemos dar graças a Deus por termos sido salvos!

O ministério dos anjos - seu aprendizado

Anjos são seres criados com privilégios excepcionais. Eles veem a face de Deus (Mt 18:10), têm força muito maior do que dos seres humanos (Mt 28:2), são tão rápidos quanto o vento e tão irresistíveis quanto o fogo (Hb 1:7 – a palavra “espírito” quer dizer vento, no contexto desse versículo). Estas e outras coisas mostram a glória que os anjos compartilham. Contudo, é de se admirar que os anjos, apesar de serem superiores a nós, aprendam conosco. Veja algumas passagens que mostram isso.

 a) Aprendizado – Ef 3:10. Entre os propósitos supremos de Deus, está a verdade de que Ele continuará mostrando no futuro (durante os “séculos vindouros”) “as abundantes riquezas da Sua graça” (Ef 2:7). Mas, mesmo agora, no presente, a Sua “multiforme sabedoria” está sendo conhecida pelos anjos (“principados e potestades nos céus”) através da Igreja. Desde que foram criados, os anjos sempre puderam apreciar a sabedoria de Deus na criação e no seu relacionamento com os homens. Mas é pela Igreja que eles aprendem alguma coisa mais profunda da sabedoria de Deus que nunca antes conheceram.

Que sabedoria!

 b) Autoridade – I Co 11:10. Este versículo ensina que o véu, usado por mulheres salvas nas reuniões das igrejas, é um sinal (ou símbolo) externo de sua submissão. A frase “por causa dos anjos” ensina uma verdade solene. Enquanto uma igreja local está reunida, os anjos estão observando o comportamento dos santos na reunião. Pelo fato de os homens não usarem nenhuma cobertura sobre a cabeça e as mulheres salvas usarem, os anjos veem que, ali, está presente a mesma ordem e submissão à autoridade que eles prestam a Deus no Céu.

Que solenidade!

c) Atenção – I Pe 1:12. O Evangelho é uma mensagem impressionante, e nós, os salvos desta presente dispensação, somos os mais enriquecidos com ele. Os santos do VT ministravam verdades que não entendiam por completo e que não eram diretamente para eles, mas para nós (I Pe 1:10-12). Agora, sendo que as verdades do Evangelho foram esclarecidas pelo Espírito Santo enviado do Céu, os anjos desejam atentar. Esta palavra “atentar” quer dizer que os anjos prestam atenção a cada detalhe da graça de Deus para entender como e por que Deus salva pecadores como nós.

Que salvação!

O primeiro texto mostra o aprendizado dos anjos com a Igreja, que é o corpo de Cristo (todos os salvos, de todos os lugares, desde Pentecostes até o Arrebatamento). O segundo mostra a autoridade dos anjos em relação às reuniões das igrejas locais. O terceiro mostra a atenção dos anjos em relação aos cristãos individualmente.

Olhando para a Igreja (o corpo de Cristo), os anjos aprendem que Deus é Sábio. Olhando para as igrejas locais, eles aprendem que Deus é Soberano. Olhando para os cristãos, eles aprendem que Deus é Salvador.


Como estão as nossas vidas? Os anjos estão aprendendo coisas boas com elas? Não esqueçamos: eles estão observando!

O ministério dos anjos - sua autoridade

Este artigo (e outros que serão publicados em breve, se Deus permitir), não tem intenção de explorar tudo o que envolve o serviço que os anjos prestam. Mas oro para que o pouco que será dito coopere no entendimento e desenvolvimento de alguém. O título “Ministério dos anjos” é uma expressão tirada de At 7:53 (na Versão Atualizada).

Entre as coisas curiosas que a Bíblia ensina sobre os anjos, está o fato de eles terem participado ativamente na entrega da Lei que os judeus tinham que observar. Veja três passagens que mostram isso e suas lições:

a) At 7:53 – recepção.
O contexto deste versículo mostra a última pregação de Estevão antes de ser morto. Nesta ocasião, ele disse que os judeus tiveram o privilégio de receber a Lei (dada no Monte Sinai) pelo serviço dos anjos. Isto não nega que a Lei foi dada por Deus. Apenas mostra que Deus usou anjos para passar a Lei a Moisés e Moisés ao povo.

Mesmo sabendo que a Lei foi dada com a participação dos anjos, os homens não a respeitaram. Preferiram, deliberadamente, rejeitar os princípios espirituais que ela exigia.

b) Gl 3:19 – razão.
Este versículo enfatiza a finalidade da Lei, e mais uma vez mostra a participação dos anjos na sua entrega. “Para que é a lei? Foi ordenada por causa das transgressões”. O homem é pecador e irrecuperavelmente corrupto. Para mostrar isso de uma forma mais evidente, foi dada a Lei.

Mas a Lei foi dada “até que viesse a posteridade”, que no contexto é o Senhor Jesus. Ou seja, por causa dos pecados, os homens estavam distantes de Deus. Tão distantes que foi preciso a Lei ser dada a anjos, e os anjos a um medianeiro (Moisés) e o medianeiro ao povo. Eles não a poderiam receber diretamente.

Como foi diferente quando Cristo veio! Em contraste com a Lei, Ele não precisou de intermediação entre Deus e os homens; Ele mesmo é o mediador (I Tm 2:5).

c) Hb 2:2 – retribuição.
Este versículo é uma continuação do assunto mencionado em Hb cap. 1. O Senhor Jesus é maior do que os homens (Hb 1:1-3), maior do que os anjos (Hb 1:4-9, 13-14) e maior do que a criação (Hb 1:10-12). Se a “palavra falada pelos anjos” (a Lei) trouxe retribuição justa sobre todos os que a transgrediam, quanto maior punição será trazida sobre aqueles que rejeitam o Evangelho anunciado por Aquele que é infinitamente maior do que os anjos!

Estes versículos que mostram a entrega da Lei pelos anjos, nos ensinam que quanto maior o privilégio, maior a cobrança. A Palavra que temos em mãos hoje não é somente a palavra posta nas mãos dos homens pelos anjos, é a Palavra posta na nossa mão por Deus. Nosso privilégio é ainda maior do que o do povo de Israel, e nossa responsabilidade também.


Por isso, “convém atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido” (Hb 2:1)!